sábado, novembro 15

Folgarosa através da História.



Folgarosa, é uma aldeia da freguesia do Maxial concelho de Torres Vedras, tal como outras aldeias da freguesia do Maxial, também este povoado deve a sua existência a tempos muito recuados, embora não haja disponível muita documentação. É com base em escritos encontrados na Junta de Freguesia do Maxial, sendo estes do tempo do reinado de D. Diniz, o Rei Lavrador, assim era o seu cognome, que conhcemos um documento datado de 1307, este dá-nos conta da existência na aldeia de um número de 16 agricultores, a sua produção era de 23 moios de pão e dois moios de vinho da qual pagavam o dízimo à Paróquia de S. Miguel de Torres Vedras.

A agricultura foi ao longo dos séculos a actividade predominante da sua população, hoje, como acontece um pouco por todas as aldeias da freguesia, os seus habitantes empregam-se em vários ramos de actividade, como, construção civil e serviços. Com o decaír dos rendimentos da agricultura a população activa viu-se obrigada a dar novo rumo às suas vidas, como aliás já muitos o tinham feito nas décadas dos anos 60 e 70, época em que se deu um grande surto de emigração por razões económicas.

Contudo, após a Revolução de 25 de Abril, houve uma melhoria das condições de vida a nível de infraestruturas básicas, tais como, cuidados de saúde, educação, electricidade, vias de comunicação, saneamento, abastecimento de água domiciliário e arruamentos. Na aldeia foi fundada a Associação Cultural e Recreativa que dispõe de uma colectividade onde se realizam várias actividades culturais, é também local de convívio dos seus associados.

Sendo uma aldeia muito antiga, o seu primeiro equipamento público foi a Ermida de Santo António da Folgarosa, construída entre os longinquos anos de 1634 e 1639, conforme um processo manuscrito existente nos arquivos da Junta de Freguesia do Maxial, sendo esta, filial da Matriz de Santa Susana.

Relata o dito documento o seguinte termo: " Por despacho do Cabído da Relação - Antão de Faria. Diz Pero Vaz Alves da Mota, Prior de Santa Susana do Maxial, que por mandado dos moradores devotos se edificou uma Ermida a Santo António entre os lugares de Folgarosa e Casal, numa propridade da Igreja de Santa Susana, para aí se minístrarem os Sacramentos da comunhão aos enfermos daqueles lugares".

Um outro manuscríto, também muito interessante, é uma provisão do Deão e Cabído da Santa Sé Metropolitana do Patriarcado de Lisboa, concedendo licença para que na Ermida se celebrem livremente todos os ofícios divinos, já que a Ermida está suficientemente "dotada e ornada com os devidos adereços necessários e por ser filial da Matriz, serão os Priores obrigados a dizer missa e a prover a Ermida do necessário através da Fábrica da Igreja de Santa Susana".

Este é um testemunho dos tempos idos, mas desconhece-se porque motivo este local de culto religioso foi abandonado. Hoje, apesar de lá se encontrarem as paredes da antiga Ermida, é propriedade privada. Crê-se que a" Velha Ermida" não terá resistído ao Terramoto de 1755, tendo ficado em ruínas, ainda me lembro do pequeno Altar, quando era miúdo costumáva ali brincar.

Em 2003 surgiu um grupo de moradores com a intenção dos seus longinquos antepassados no sentido de reabilitar a aldeia com uma nova Igreja, reuniram-se os moradores, nasceu uma Comissão para o efeito. Foi feita uma recolha de fundos para a aquisição do local para a sua instalação, foram tratadas todas as formalidades necessárias e a Nova Igreja está em construção.



Para que este processo fosse possível houve necessidade de transformar a Comissão em Associação de Desenvolvimento da Aldeia da Folgarosa, tomando esta o firme compromisso de levar a cabo o projecto, a Associação recebeu até à data apoios da Câmara Municipal de Torres Vedras, Governo Civil de Lisboa, Junta de Freguesia do Maxial, Delta Cafés, da Arquitecta Paula Fragoso, do Engenheiro Renato Jorge, do Engenheiro Rui Gomes, que nos fizeram oferta de todos os projectos por si elaborados, das populações de todas as aldeias da freguesia e da população da aldeia que sempre se dispôs a responder às iniciatívas e eventos levados a efeito para recolha de fundos que permitam concluír esta obra.

A aldeia da Folgarosa tem também tradição em Festas e Romarias, desde os anos 20 foi iniciada uma Romaria em honra a São Sebastião, sendo esta motivada por "Promessa "de um seu devoto Cipriano Jorge, que, tendo-se achado numa situação de aflição em relação à saúde de alguns dos seus filhos devido a um surto de febre, iniciou em conjunto com outros vizinhos esta romaria, anos mais tarde por motivos de saúde, foi por ele trasmitida aos filhos e netos que em conjunto com outros elementos da população, ainda hoje celebram esse dia que é consagrado ao seu" Patrono São Sebastião".

Folgarosa, tem também uma pequena Escola de Acordeão, fruto da carolice de um dos seus filhos, João Domingos Jorge, que tendo uma certa paixão por este tipo de música, tão familiar ao nosso País e particularmente à nossa aldeia, talvez por influência de aqui ter nascido e vivido um acordeonista amador, José Luis Claudino "Orvalho" que durante cerca de 30 anos abrilhantou centenas de Bailes na aldeia e nas povoações vizinhas. A escola já começou a dar os seus frutos, temos hoje um jovem acordeonista, João Castro bem como o próprio João Jorge que embora sénior dá o seu contributo, registamos ainda as alunas Catarina Cristo, Jéssica Antunes, Leonor Sofia, bem como outros principiantes. É de salientar o apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras e da Junta de Freguesia do Maxial, sendo também uma componente da ADAFO- Associação de Desenvolvimento da Aldeia da Folgarosa.

Geograficamente, Folgarosa apesar de ser uma aldeia do interior, a Nordeste do concelho de Torres Vedras, é previlegiada pela sua beleza e pela posição que ocupa na Serra, com uma deslumbrante vista para o Mar, e todo o Vale do Alcabrichel bem como a famosa Ilha das Berlengas, sendo por isso digna de maior atenção por parte das entidades responsáveis pelo Turismo da Região.